Velhos - Alê Motta

 


O humor e a alegria desse livro são impressionantes. Uma leitura leve, rápida, prazerosa, com uma linguagem dinâmica, atual, vivaz.

A maioria dos personagens são obviamente velhos, mas a alteridade está presente, já que é impossível falar de “velhos” sem considerar o seu contraponto, os “jovens”.

São contos que retratam com sinceridade diferentes situações atuais vividas pelos velhos. Sensíveis, mas não melodramáticos. Imaginativos e realistas, com doses certas de comicidade e ironia. A escrita de Alê Motta não carrega moralismos. Surpreende muito. Faz rir.

Mais do que tratar de comoções das experiências dos velhos, as narrativas abordam sentimentos humanos. É a humanidade e a sensibilidade colocadas em evidência, sem a amargura da piedade. O texto não solicita compaixão ao leitor. Mas aponta um farol a muitas agruras das realidades vividas: doenças, abandonos, carências, esquecimentos, solidão.  

Velhas e velhos são protagonistas, responsáveis por suas escolhas. Os contos trazem também o tom memorial, afinal, velhos também vivem de lembranças.

Dois contos, em especial, me marcaram. Um intitulado “Desculpas”, e outro, “Remédios”.

O livro “Velhos” rompe com estereótipos e estigmas da velhice. Algo no limite entre o padrão esperado e aceito e a ousadia e transgressão.

“Não tenho mais paciência para esse papel de velhinho bom. Qualquer hora eu toco o terror nessa casa” (p. 81).

Maravilha de leitura!


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